sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

NIKOLAY GOGOL

NIKOLAY VASILYEVITCH GOGOL (1809-1852)

Grande romancista russo, dramaturgo fundador do chamado realismo crítico e como um expositor do grotesco na natureza humana, Gogol poderia ser chamado de Hieronymus Bosch da literatura russa. Entre as suas obras podemos lembrar “Almas Mortas, O Inspector-geral, Diário de Um Louco, Contos de S. Petersburgo e O Capote”.
Nikolay Gogol inspirou a literatura russa do século XIX com sua atitude revolucionária e produziu com sua prosa realista e fantástica, verdadeiras caricaturas satíricas, bizarras e burlescas daquele país em sua época. Seus heróis são paródias deformadas da corrupção social e política - sua alma de humor aliada à uma fina ironia criaram com habilidade genial, um estilo único e inigualável.

“ É que a Lua costuma ser fabricada em Hamburgo, e por sinal é de péssima qualidade. Espanta-me que Inglaterra não dê importância a esse facto. É feita por um tanoeiro coxo, e nota-se que o imbecil não percebe nada de Lua. Usou cordas alcatroadas e uma quantidade de azeite reles, daí que a Terra esteja impregnada de um fedor que nos obriga a tapar o nariz. Por isso, a própria Lua é uma esfera tão delicada que as pessoas não podem viver nela, de modo que hoje só lá moram narizes.” (de Diário de Um Louco, 1835."

Nascido em território ucraniano, filho de pai Cossaco e mãe Polaca, começa escrever em S.Petersburgo. Em pleno desequlibrio emocional, foge e viaja pela Europa. Entre 1836-1848 vive na Alemanha, Suiça, França, assentando em Roma. A sua intenção não é outra senão a de denunciar os vícios e os abusos que se encontram no interior da alma humana.

A morte de Puchkin no ano de 1837, em um desinteressante duelo, abala profundamente Gogol. «Agora tenho a obrigação de concluir a obra cuja ideia fora do meu amigo». Referia-se, naturalmente, ao alentado texto de Almas Mortas.
Tenta publicar a obra em Moscovo em 1841, mas o Comité Moscovita de Censura recusa. Não é senão após uma intervenção dos amigos do autor que o livro é publicado, em 1842. O romance é uma descrição em detalhe das preocupações do homem russo em uma Rússia profunda; uma sátira, às vezes impiedosa, que porém guarda subjacente o profundo e natural amor de Gogol pelo país.

As tribulações recomeçam: Itália, França, Alemanha. Em 1848, faz uma peregrinação em Jerusalém. Gogol torna-se cada vez mais místico, impelido em ir buscar, pelo sentimento religioso, a salvação da alma. A sua saúde vai-se degradando, acompanhando com um misticismo doente e cai numa profunda depressão. Gogol sente-se incompreendido, irritado tanto por aqueles que o apoiam quanto por aqueles que o criticam, pois todos simplificam e deturpam seu pensamento profundo.

De volta a Moscovo, redige a segunda parte de Almas Mortas. Mas o seu estado físico se degrada incessantemente, à mercê desse sonho que o acompanha desde jovem: mesmo em homem absolutamente sadio e regrado, a sua ânsia por uma nova ordem das coisas martiriza-o. No início de Fevereiro de 1852, num momento de delírio, segundo dizem, ele queima na lareira do seu quarto todos os manuscritos inéditos - inclusive o fim da segunda parte de Almas Mortas. A 21 de Fevereiro de 1852 Nicolau Vasilievitch Gogol morre. Está enterrado no cemitério de Novodevitchi, em Moscovo.

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